A quem deve ser ministrada a unção?

"Para quem deve ser ministrada a unção com óleo no Novo Testamento?"

(Sérgio Ademar Bassani, Porto alegre - RS)




               Considerando as razões que levavam a unção no Antigo Testamento, vemos Deus determinando algumas coisas importantes:

               1) A receita do óleo da santa unção (Êx 30.22, 33);

               2) A quem e em quais as ocasiões o mesmo deveria ser usado (Êx 30.26, 32);

               3) E o que a unção representava (Êx 30.29, 30).

               Na Bíblia, o óleo é apresentado como um dos símbolos do Espírito Santo. Nesse caso, o objeto ou pessoa ungida recebia uma autoridade específica da parte de Deus e recebia o efeito produtivo de santidade, ou seja, separação, consagração para o serviço sagrado. Já no Novo Testamento, a referência de Tiago 5.14 oferece a ideia de um rito que deveria ser usado apenas em favor dos enfermos.

               É interessante notar que o texto sagrado neotestamentário não faz menção alguma ao uso do óleo para outros fins e para outras situações que não seja a aplicação em oração pelos enfermos salvos em Jesus Cristo.

               Um pequeno apelo às regras de interpretação mostrará que o propósito de Tiago era orientar sobre a possibilidade de um salvo estar sofrendo enfermidade como consequência de alguma desobediência, sendo que o contexto faz referência à confissão e ao efeito da fé para levantar o enfermo. Assim, percebemos que o uso do óleo não deve ser entendido como algo com poder isolado, como nos cultos animistas. O mesmo não é portador de nenhuma virtude autônoma. É apenas mais um componente que não dispensa a oração e a imposição de mãos: "Está alguém doente? Chame os presbíteros da igreja; e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o restabelecerá", Tg 5.14, 15. 

               Nos tempos pós-modernos, com a preocupação de despertar a religiosidade  qualquer custo, mesmo comprometendo questões básicas da fé cristã, alguns grupos lançaram incrementos contraditórios ao modelo bíblico e passaram a ungir qualquer coisa em qualquer momento, e visando a seus próprios desejos egoístas, como dinheiro, casa, carro, etc. Muitos líderes religiosos deveriam considerar  a seriedade com que se devem encarar os ensinamentos sagrados para não vulgarizar questões tão importantes que envolveram a preocupação dos apóstolos, pois quando alguém se decepciona não alcançando o resultado prometido, torna-se cético e incrédulo.
     
               Note que a epístola de Tiago foi dirigida primeiramente ao judeus convertidos, e que estavam dispersos, os quais precisavam de um pastoreio. Os mesmos eram conhecedores das simbologias representadas no óleo e assim podiam entender a razão de ungir um enfermo. Diferentemente de hoje, quando se aplica o óleo fora do objetivo apontado pelo apóstolo e longe do propósito estabelecido por Deus.

               Se os crentes querem seguir o modelo da Igreja Primitiva também nesse quesito, devem adotar a prática da unção com óleo apenas em favor dos enfermos, e com oração.



BIBLIOGRAFIA

GONÇALVES, Paulo. A Bíblia tem a resposta. Mensageiro da Paz, ano 81, Nº 1.516, setembro de 2011, p. 17.

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